O uso excessivo de telas como entrave no desenvolvimento infantil

Desde março de 2020, a pandemia do novo Coronavírus nos obrigou a viver confinados dentro de casa, o que impactou profundamente nossas vidas, em especial o cotidiano das crianças. Consequentemente, aulas, interações com amigos e familiares e alguns tipos de lazer, como os jogos, passaram a ser realizados pelas telas dos eletrônicos.

Se o uso indiscriminado de eletrônicos já era uma questão, seus prejuízos se aprofundaram com a pandemia. Ao passarem mais tempo em casa e usarem as telas como mediadoras de suas atividades por horas e horas, o gasto calórico reduzido, aliado ao descontrole alimentar, favorece o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade entre as crianças. Isso também se traduz em alterações nas taxas de colesterol e, futuramente, pode trazer problemas cardíacos e circulatórios.O uso abusivo de telas também altera o humor, favorecendo a irritação e a ansiedade/depressão, o mal do século. Não bastasse isso, a luz azul artificial emitida pelas telas prejudica o ciclo sono-vigília, produzindo alterações no sono e intensificando problemas oftalmológicos entre as crianças, como a miopia.  (saiba mais)  


A infância, como se sabe, é um período especial de descobertas, crescimento e transformações. Infelizmente, o isolamento social não favorece esse processo. Afinal, o desenvolvimento infantil contempla os seguintes campos: motores, adaptativo, linguagem e pessoal-social.
 A presença dos pais e familiares é essencial para o desenvolvimento cerebral infantil. Para que todos esses campos se desenvolvam harmoniosamente, a criança precisa de espaço ao ar livre e de interações sociais, o que infelizmente não tem acontecido nos últimos tempos. O uso indiscriminado de telas tem sido responsável pelo bloqueio do desenvolvimento infantil, resultando em atraso de fala grave, coordenação motora  e problemas de socialização. 

Ademais, a maioria das famílias reside em apartamentos e o convívio tem se restringido ao seio familiar.
Infelizmente, as crianças perderam muitas janelas de oportunidade, essenciais para o desenvolvimento, durante a pandemia. Atividades ao ar livre e interação com seus pares são importantíssimos para o desenvolvimento. Com a retomada das aulas presenciais, pais e educadores deverão ter muita paciência com tal estagnação e regressão. Não é possível reaver esse tempo perdido de uma hora para outra, mas a médio e longo prazo, é possível colher resultados por meio de condutas assertivas.
A presença e o olhar cuidadoso dos pais é fundamental para detecção de problemas da saúde física e mental de seus filhos. 

Não use os eletrônicos como “chupetas eletrônicas”. As crianças necessitam de conexão com os pais e muito estímulo sensorial como toque, apego, aconchego, estímulo visual (em brincadeiras, atividades manuais), de paladar, olfativo e degustativo para estabelecimento de conexões sinápticas saudáveis e memórias. Crianças menores de 2 anos não devem usá-los. Acima dessa faixa etária, o uso deve ser moderado. Os eletrônicos oferecem um tipo de atividade passiva que, ao contrário das ativas, são bem pobres, uma vez que não propiciam um desenvolvimento integral e criativo das crianças. 

Ainda sobre as atividades realizadas pelas crianças, em especial as brincadeiras, o adulto pode colaborar sendo um mediador, ou seja, incentivar a criança a interagir, usar a criatividade, encarar frustrações, buscar estratégias para solução de problemas e trocar experiências. (saiba mais)

Enfim, vivemos tempos difíceis e desafiadores para todos. As crianças, mais do que nunca, precisam do apoio e da compreensão dos pais, responsáveis e educadores. Por isso, os adultos devem prestar atenção no comportamento das crianças e terem paciência nessa retomada das aulas e das atividades extracurriculares. Afinal, precisamos minimizar os prejuízos e saber que o progresso das crianças será mais lento. A situação que vivemos é difícil, sim, porém, solucionável. Portanto, vamos fazer o nosso melhor, sem cobrar resultados imediatos.  

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